terça-feira, 17 de janeiro de 2012

São Vicente de Paulo e a Oração Escrito por Joelson Sotem Seg, 26 de Setembro de 2011 02:43

São Vicente de Paulo e a Oração
Escrito por Joelson Sotem
Seg, 26 de Setembro de 2011 02:43 - Última atualização Sex, 02 de Dezembro de 2011 23:46
“Dai-me um homem de oraçã e ele serácapaz de tudo”.
Esta expressã resume bem a doutrina e melhor ainda, a vida de Sã Vicente de Paulo.
Ele nã diz: a oraçã étudo, ou substitui tudo! A oraçã nã dispensa nada, nã substitui
nada, nem a inteligêcia, nem a competêcia, nem a atividade; nã aumenta os atos de nossa
vida, poré valoriza tudo, faz de nossa vida “uma oferenda agradáel ao Pai”, “um culto
espiritual”.
Sã Vicente enumera váias comparaçõs para mostrar a importâcia da oraçã na vida dos
membros da Famíia Vicentina: A oraçã éa alma de nossas almas; A oraçã écomo o pã
servido a cada dia na mesa dos Pobres; A oraçã écomo a áua que conserva a juventude...
Os pensamentos de Vicente de Paulo sobre a oraçã sã uma manifestaçã da espiritualidade
de sua éoca. Ele emprega expressõs de sua éoca que a princíio soam um pouco estranho
aos nossos dias, mas que se analisarmos a espiritualidade ali contida, muito nos ensina.
Vicente, atravé de sua experiêcia de vida e experiêcia de Deus, acreditava que todo o bem
que ele realizou foi verdadeiramente uma obra de Deus. Ele mesmo considera-se um obstáulo
na realizaçã da vontade de Deus e que à vezes servia para estragar tudo. E manifesta que a
oraçã lhe ajudava a renunciar a sua prória vontade para conciliar sua vida àvontade de
Jesus Cristo.
Vicente nã confia nas consideraçõs e motivos humanos para realizar a vontade de Deus.
Esta indiferenç em Sã Vicente nã significa apatia, recusa ou receio de engajamento na
vontade de Deus, mas trata-se de uma adesã apaixonada a Deus e as suas realizaçõs. Ou
seja, livre do orgulho, do interesse e da ambiçã do ser humano o homem permanece
disponíel ao menor movimento da vontade de Deus, para fazer dele um instrumento em suas
mãs.
Sã Vicente foi um homem de oraçã. Toda a manhãcomeçva o seu dia com uma hora de
oraçã. E caso tivesse muitas coisas planejadas para realizar durante o dia, levantava ainda
mais cedo para nã deixar de rezar. No decorrer do dia, quando era possíel ou quando tinha
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assuntos sérios para solucionar ele sempre se dirigia a capela para rezar. Ele acreditava que a
oração o colocava em comunhão íntima com Jesus Cristo e ele permanecia em “estado de
oraçã”. Frequentemente ele trazia questõs bem práicas a serem resolvidas na presenç de
Deus em suas oraçõs: - “Como assistiríis a este doente de espíito e de coraçã?”; -
“Senhor, se estivéseis em meu lugar, que faríis nesta circunstâcia?”; A oraçã em Sã
Vicente nã era um exercíio de práicas religiosas fechado ao mundo e a realidade ao seu
redor. Ela invade toda sua vida.
Sã Vicente foi també um homem de muita açã. Foram váios os empreendimentos
realizados por ele em prol dos Pobres de seu tempo. A sua caridade e a dedicaçã pelos
Pobres, ilustrada por inúeras imagens, oculta um pouco o aspecto contemplativo e mítico de
sua personalidade.
Éuma realidade, dizermos que Sã Vicente vivia uma ítima uniã entre contemplaçã e açã.
O cristianismo professado e o cristianismo vivido. Ele realiza em sua vida a fómula de Sã
Paulo: “Uma féanimada pela Caridade”.
Destaca-se aqui dois movimentos da contemplaçã X açã em Sã Vicente:
- “Dar-se a Deus”- ser aberto e dóil ao sopro do Espíito e aos sinais da Divina Providêcia,
pois sem Deus, nó nada podemos;
- “Nó em Deus”- projetar na açã todas as nossas energias: inteligêcia, vontade,
discernimento...
A certeza que Vicente tinha na açã de Deus, nã justificava improvisaçã, fantasia,
mediocridade, êtase. Nem o caráer gratuito de nossas açõs nos deveriam conduzir àfalta
de cuidado e falta de caridade em nossas açõs.
A práica da caridade deve ser continuamente corrigida, purificada, estimulada pelos
pensamentos de fépara que seja uma açã espelhada em Jesus Cristo. Sã Vicente de Paulo
era uma pessoa sensíel aos acontecimentos ao seu redor. Ele conhecia profundamente a
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pobreza: “A Pobre gente do campo se condena e morre de fome”.
Por isso afirma-se que Vicente nã restringia a oraçã àcontemplaçã. Mas sua contemplaçã
o conduzia àaçã. Sã Vicente era um homem contemplativo na açã em favor dos Pobres:
“...quem tenha o ítimo repleto de grandes sentimentos por Deus, mas detê-se nisto e
quando percebem e se encontram em ocasiõs de agir, permanecem passivos. Alegram-se
com sua fétil imaginaçã e conformam-se com suaves conversas mantidas com Deus...”. Ou
ainda: “Dai-me um homem que ame somente a Deus, uma alma de elevadísima
contemplaçã, que nã se lembre de seus irmãs. Oh! Esta pessoa julgaráagradáel esta
maneira de servir a Deus e lhe pareceráser o úico digno do amor de Deus... Dai-me agora
outro homem que ame ao seu próimo, por mais rude e grosseiro que seja. Qual dos dois
amores éo mais puro e o mais desinteressado? O segundo, sem dúida alguma!”.
Sã Vicente nã admite que se possa amar somente a Deus, sem amar o seu próimo, e
especialmente os mais Pobres.
A oraçã em Vicente de Paulo éuma preparaçã para a açã. Nela se encontra os motivos e a
forç do seu agir. A oraçã nã éum fim. O Cristo contemplado na oraçã deve ser servido no
Pobre. A oraçã prepara suas forçs e alimenta a vontade de servir. Contempla no Cristo o
“salvador”. A contemplaçã deste amor em Jesus Cristo abrasa seu coraçã: “Deus nos envia
como enviou seu Filho para a salvaçã das almas... Fomos escolhidos por Deus, como meios
para estabelecer e dilatar nas almas sua imensa e paternal caridade... Nossa vocaçã nos
chama para abrasar os coraçõs dos homens. Fazer o que fez o Filho de Deus quando veio ao
mundo para inflamar com o fogo de seu amor os coraçõs humanos. Écerto que se fui enviado
nã foi somente para amar a Deus, mas para fazêlo amar. Nã basta que eu ame a Deus se o
próimo nã o ama”.
A oraçã de Vicente o faz acreditar como um “operáio” nas mãs de Deus: “Amemos a Deus
com a forç de nossos braçs e o suor de nosso rosto”.
Ele tinha a clareza desta necessidade da Igreja que precisa de mais operáios, poré de
operáios que trabalhem: “Eis o que devemos fazer. Como testemunhar o Deus que amamos:
nossa obra éo trabalho!”.
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Diz ainda: “A verdadeira caridade nã sabe ficar ociosa, nem fechada em si mesma. Devemos
amar a Deus e servi-lo no próimo àcusta dos nossos bens e de nossa vida”.
E ainda: “Se conhecêseis a graç que se encerra no servir aos Pobres... Empregai vossa
juventude a fim de vos colocar em condiçõs de servir os Pobres... O amor permite que os
coraçõs entranhem-se mutuamente, para sentir o que o outro sente. Todos somos membros
uns dos outros. Ser cristã e ver seu irmã aflito sem chorar com ele, sem sentir dor com ele, éser cristã sóde aparêcia, éassemelhar-se aos animais... Nã devo considerar um Pobre
camponê ou uma Pobre mulher pelo seu exterior... Virai a medalha e vereis ali, pela luz da fé
que o Filho de Deus que quis ser Pobre, estárepresentados nestes Pobres...”
Por isso afirma-se sem medo de errar que para Vicente a oraçã nã éuma fuga da vida real,
um afastamento da missã humana. Uma bela passagem na vida de Vicente, nos diz: “Se
estivéseis no mais profundo êtase... e viessem vos dizer que vosso irmã estáenfermo. Saia
do êtase e vápreparar para ele um caldo quente. Nã faríis outra coisa senã deixar Deus
por Deus; e o Deus que deixais émenos garantido que o Deus para onde vos dirigis. Porque
no êtase pode existir ilusã, mas na caridade jamais”.
Contemplativo na açã. Esta éa marca registrada da vida de oraçã de Vicente de Paulo. Um
homem que utiliza suas capacidades e dons pessoais, vazio de si mesmo, àserviç de Cristo.
A oraçã ajudou Vicente a cultivar a virtude da paciêcia. Chega a dizer: “Nã nos
preocupemos com o tamanho e a extensã da Companhia... Olhemos todas as coisas como se
viessem da Providêcia Divina, e fazendo o que nos corresponde de forma humilde e
cuidadosa, a fim de contribuir para que tudo corra bem submetendo-nos em tudo àvontade de
Deus”.
Alguns ensinamentos práicos de Vicente em relaçã a oraçã continuam sendo muito atuais
para nosso tempo:
- “Reze e reflita diante de Deus” –Dêtempo ao tempo. Pese o próe o contra. Énecessáio
rezar sobre um assunto que ainda nã estádevidamente claro.
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- “Estude” –Nada épequeno quando se trata de servir a Deus no Pobre. Por isso estude,
pesquise, converse, busque reflexõs teolóicas, ciêcias sociais, assessoria juríica...
- “Consulte” –Desconfie sempre de suas intuiçõs. Antes de se decidir por algo, interrogue
com cuidado todos aqueles que podem auxiliálo no caso em questã. Recorra aos
especialistas da áea, como també aos colaboradores mais humildes.
- “Realize progressivamente” –Comece de forma humilde e simples pequenas experiêcias
que promovam a vida dos Pobres. Os resultados irã orientar o caminho a seguir: “Os
acontecimentos sã os mestres que Deus nos envia por sua mã”. Desconfie sempre dos
começs que sobressaem e sã pomposos.
- “Agir” –Ésem sombra de dúida o que mais nos surpreende em Vicente: Agir! Ele nã fez
tudo o que fez sozinho. Ele muitas vezes fez com que fizessem. Ele soube mobilizar uma
verdadeira multidã, organizando-os e coordenando-os. Sempre foi um inspirador e animador
espiritual e apostóico.
Conclusã
Sã Vicente foi um homem de açã e oraçã. A oraçã, longe de atrapalhar sua açã, tornou-a
eficaz. Para agir eficazmente énecessáio que todas as forçs do Espíito, do coraçã e da
vontade estejam focadas no que se busca realizar. Assim, a oraçã concentra todas as nossas
energias em direçã do que nos propomos realizar.
Para ser uma pessoa de açã, como Vicente o foi, épreciso ter fée confianç no resultado. O
homem de oraçã sente-se apoiado e fortalecido por Deus. A oraçã nada substitui, poré
tudo anima. Vicente compara a oraçã àseiva de uma ávore que sobe pela raiz, percorre ao
longo do caule, dávida aos ramos, à folhas e dásabor aos frutos.
Aprendamos, pois com Vicente de Paulo que foi um contemplativo na açã e que sabia muito
bem que para ser servo de seus irmãs mais Pobres era preciso antes aprender a ser servo de
Deus.
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Escrito por Joelson Sotem
Seg, 26 de Setembro de 2011 02:43 - Última atualização Sex, 02 de Dezembro de 2011 23:46
Fonte: Texto em espanhol de Pe. José Jamet, CM (1982) - Traduzido e adaptado por
Joelson C. Sotem, CM (23/Set/2011).

Fonte: http://www.ssvpsuldeminas.org.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=21&Itemid=54 

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